quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sobre o jogo escondido

Pra começar, esclareço que sempre achei que jogo e relacionamento são definitivamente antagônicos, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas, como tudo na vida, sempre aparece quem ache conexão. Pois bem. A saga quem vos sopra o 'cangote' da solteirice entra em campo pra driblar a incompreensão.

Em tempos de pós modernidade, é bem comum que as relações estejam permeadas pelo famoso 'joguinho'. Começa desde a paquera, há quem diga que não demonstrar interesse é tudo o que há de mais cool na arte da conquista. Vai entender né?

Depois a relação, que já não era verdadeira desde a conquista, evolui para um freelance emocional, os pares, sempre com suas 'cartas na manga', forjam sentimentos superficiais e por vezes inverídicos, só pra sair ganhando na mais valia da solidão.

Se uma das partes se envolve com mais intensidade, não demonstrar o que está sentindo é a bola da vez, senão a relação esfria. Por outro lado, manter o chamego em banho maria quando o interesse já não é lá grandes coisas, permite a liberdade para a pessoa egoisticamente decidir se quer ou não quer permanecer na relação. Tudo isso sem aviso prévio.

Não há clareza nas relações pós modernas. As pessoas estão a cada dia mais individualistas, e como individualistas, não podem nem sequer dividir sentimentos, impressões que sejam, sobre como estão implicadas ou não no relacionamento em xeque.

Manter o par aprisionado ou aprisionada pela espera de uma resposta de sms, whatsapp e essas tecnologias que nos afastam cada vez mais do contato face a face, é tática comum, banalizada e difundida entre os solteiros e solteiras mundo à fora. Tudo sob o álibi do jogo, da estratégia e da individualidade. É caro Marx, o jogo é capitalista selvagem.

O modelo empresarial migrou e foi parar nos relacionamentos nossos de cada dia. O clima de desconfiança alastrou-se e as pessoas sempre querem sair ganhando. Deixar-se envolver pelos sentimentos é coisa de gente fraca. O jogo é parte integrante do modus operandi dos atuais relacionamentos. Que pena. Pare o mundo que eu quero descer, seu Raul.

Se é um jogo, onde está a regra? E se tem regra, cadê a clareza pra poder decidir se eu quero ou não ser jogadora?

É, ao que parece a artilharia está perdida na pequena área, em pleno clássico domingueiro. Jogada perdida por royal straight flush em aposta alta em mesa de poker. 


Aviso aos jogadores: não há nada mais interessante do que começar um relacionamento sabendo se ele será somente sexo e amizade ou se haverá chances para um love history. Assim, com as cartas na mesa, a pessoa envolvida tem a liberdade de decidir se permanece ou não na jogada. Isso me parece tão mais simples. Sem contar que é verdadeiro. Sem truques e estratégias.

Solteiros e solteiras do mundo, uni-vos! Pela liberdade de escolha. Pela clareza nas intenções.

E se é pra jogar, digo sempre, deixem que ganhem de W.O, provavelmente a 'parêa' não valeria o lance.



Não cara Elis, prefiro viver e não aprender a jogar:



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